PF prende suspeito de ser maior grileiro da Amazônia

Homem teria se apossado de 21 mil hectares de terras da União e desmatado 6.000 hectares

A PF (Polícia Federal) prendeu na última quinta-feira (3) um fazendeiro suspeito de ser um dos maiores grileiros da Amazônia. O homem teria se apossado de cerca de 21 mil hectares de terras pertencentes à União próximas de reservas indígenas e unidades de conservação, além de ter desmatado mais de 6.000 hectares de áreas de floresta na região do município de Novo Progresso, no estado do Pará. Conforme a PF, a área desmatada equivale a quase quatro Ilhas de Fernando de Noronha, no estado de Pernambuco.

Denominada Operação Retomada, a ação, cujo objetivo é investigar esquema de invasão de terras da União e desmatamento para criação de gado na Floresta Amazônica, cumpriu outros três mandados de busca e apreensão nas cidades de Novo Progresso e Sinop, em Mato Grosso. Foi autorizado pela PF o confisco de 16 fazendas, dez mil cabeças de gado e R$ 116 milhões, que pertenceriam ao grupo do homem preso, que seria o líder do grupo, sobre o qual já pesavam 11 autuações e seis embargos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) por irregularidades.

Ainda de acordo com a PF, o homem foi detido em flagrante por, no momento da abordagem, ter em sua posse uma arma irregular e pedaços de ouro em estado bruto, provavelmente de origem ilegal, retirado de algum garimpo clandestino da região. As áreas investigadas de grilagem ficam próximas à rodovia que liga Cuiabá, capital do Mato Grosso, a Santarém, no Pará.

“O inquérito policial aponta que o grupo criminoso realizaria o cadastro fraudulento junto ao Cadastro Ambiental Rural de áreas próximas às suas em nome de terceiros, principalmente de parentes. Em seguida, desmatariam tais áreas e as destinariam para criação de gado. Assim, os verdadeiros responsáveis pela exploração das atividades se sentiriam protegidos contra eventuais processos criminais ou administrativos, os quais seriam direcionados aos participantes sem patrimônio”, informa trecho de comunicado no portal da PF. 

ALERTAS

Segundo nota do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) à imprensa, houve recorde nos alertas de desmatamento tanto na Amazônia quanto no cerrado. Os dois biomas apresentam situações distintas em relação ao desmatamento. Na primeira, os alertas chegaram ao menor índice em quatro anos.

No período entre janeiro e julho deste ano caíram 42,5% os alertas de desmatamento na Amazônia. No semestre passado, a tendência era de aumento do desmatamento. Entre agosto do ano passado e julho de 2023, o Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real), ligado ao Ibama, emitiu alertas para área de 7.952 quilômetros quadrados. A queda dos sinais de desmatamento foi registrada em todos os Estados que comportam o bioma.

Já em relação ao cerrado, o segundo maior bioma do País, os alertas do Deter apresentaram crescimento de 21% entre janeiro e julho. No período de agosto do ano passado e julho deste ano, houve o desmatamento de cerca de 6.300 quilômetros quadrados, a maior parcela na região denominada Matopiba, área que se estende por quatro Estados, formada pelas iniciais deles, quais sejam, Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

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